Ar respirável grau D: entenda a sua importância
Todos nós sabemos que a qualidade do ar é um aspecto fundamental para a saúde e o bem-estar. Respirar um ar limpo e livre de contaminantes é essencial para uma vida saudável. Porém, em muitas situações ocupacionais como trabalhaos em espaços confinados, cabines de pintura, jateamento, limpeza industrial e soldagem não é sempre que existe a disponibilidade de um ar de qualidade. Nesses ambientes, ou mesmo, em situações específicas é necessário usar equipamentos de proteção respiratória com suprimento de ar comprimido utilizando máscaras, capuzes ou capacetes especiais (equipamentos de proteção respiratória – EPR).
Para garantir a qualidade do ar e a segurança dos trabalhadores, nestes casos é fundamental que o ar disponibilizado por meio de compressores seja classificado como “ar respirável grau D”. No post de hoje vamos explicar o que significa essa classificação, quais são as características do ar respirável grau D e qual é a sua importância para a segurança respiratória. Para saber mais, não deixe de conferir!
O que é ar respirável grau D?
O ar respirável grau D é uma classificação estabelecida pela Compressed Gas Association (CGA) e pela National Fire Protection Association (NFPA) nos Estados Unidos para identificar um padrão mínimo de qualidade do ar respirável. Essa classificação é comumente aplicada em ambientes de trabalho onde a qualidade do ar pode ser comprometida por diversos fatores, como gases tóxicos, vapores químicos, partículas sólidas suspensas e outros contaminantes.
No Brasil, esses parâmetros são estabelecidos pela Norma Brasileira ABNT/NBR – 12543/2017, que segue os padrões da norma ANSI Z86.1-1989/ CGA G7 (atualizada em 2011).
Características do ar respirável grau D
O ar respirável grau D apresenta uma série de características que devem ser atendidas para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores expostos a ambientes contaminados. Essas características incluem:
- Oxigênio: O ar respirável grau D deve conter um teor mínimo de oxigênio de 19,5% em volume e máximo de 23,5%. Esse valor garante que haja oxigênio suficiente para sustentar a respiração normal e evitar riscos de asfixia.
- Ponto de orvalho: O ar comprimido utilizado para fornecer o ar respirável grau D deve ser adequadamente tratado para evitar condensação de água nas máscaras, mangueiras e tubulação. Também para que não forme um ambiente propício para proliferação de microorganismos como bactérias, fungos e protozoários. O ponto de orvalho do ar respirável deve ser -46°C ou -10°C abaixo da menor temperatura ambiente. A melhor forma de evitar água condensada e garantir o ponto de orvalho adequado é tratando adequadamente o ar comprimido, em especial com secadores de ar adequados para cada aplicação.
- Partículas sólidas: O ar respirável grau D deve ser livre de partículas sólidas e principalmente micropartículas e poeiras. Isso significa que não devem existir partículas em suspensão que possam ser inaladas e causar danos aos pulmões ou ao sistema respiratório.
- Gases e vapores: O ar respirável grau D não deve conter concentrações significativas de gases tóxicos ou vapores químicos prejudiciais à saúde. É importante realizar análises e monitoramentos regulares para garantir que os níveis dessas substâncias estejam dentro dos limites de segurança. A melhor forma de garantir a eliminação desse risco é através de filtros coalescentes e filtro de carvão ativado.
- Odores e sabores: O ar respirável grau D não deve conter odores ou sabores desagradáveis que possam causar desconforto durante o uso dos equipamentos de proteção respiratória. Embora nem sempre sejam indicativos de perigo iminente, odores e sabores fortes podem afetar negativamente a experiência do usuário. A NBR 12543 diz que o ar deve ser isento de odor pronunciado, em especial odor de óleo. Isso se garante através de tratamento e secagem adequada do ar comprimido e uso de filtro de carvão ativado eficiente para ar de respiração.
Aspectos técnicos para respiradores de adução
Vale destacar que, segundo a publicação PPR da Fundacentro os respiradores de adução de ar devem fornecer ao usuário ar de qualidade respirável, conforme especificado no Quadro 12.3, correspondente ao grau D, definido pela Compressed Gas Association:
Observações sobre o Quadro 12.3:
1) O termo atm (atmosférico) indica o teor de oxigênio normalmente presente no ar atmosférico; os valores numéricos indicam os limites de oxigênio para o ar sintético.
2) A umidade relativa do ar comprimido pode variar com o uso a que se destina, desde saturado até muito seco. O ponto de orvalho do ar respirável das máscaras autônomas, usadas em condições extremamente frias, deve ser tal que impeça a condensação e o congelamento do vapor de água, e deve estar abaixo de – 45,6 oC (63 ppm) (OSHA 29 CFR 1910.134(i)(4)(iii)), ou estar 5,6 oC abaixo da mínima temperatura esperada (OSHA 29 CFR 1910.134(i)(5)(ii)) Se for necessário especificar um limite para a umidade, ele deve ser expresso em termos da temperatura de orvalho ou concentração em ppm (v/v). O ponto de orvalho deve ser expresso em oC, na pressão absoluta de 101 kPa (760 mmHg).
3) Para ar sintético, quando o O2 e o N2 são produzidos por liquefação de ar, este requisito não necessita de verificação.
4) Não requerido para ar sintético quando o componente N2 foi previamente analisado e satisfaz o National Formulary (The United States Pharmacopeia/National Formulary, última edição, United States Pharmacopeia Convention Inc., 12601 Twinbrook Parkway, Rockville, MD 20852).
5) Não requerido para ar sintético quando o componente O2 foi produzido por liquefação do ar e satisfaz as especificações da United States Pharmacopeia (USP).
6) O ar normalmente pode ter um ligeiro odor, porém, se for pronunciado, é impróprio para consumo. Não existe procedimento para medir o odor. Ele é verificado cheirando-se o ar que escoa em baixa vazão. Não colocar o nariz na frente do jato de ar que sai da válvula, mas, sim, cheirar o ar recolhido entre as mãos colocadas em forma de concha.
Como indica o Quadro 12.3, o teor de oxigênio no ar respirável deve estar na faixa de 19,5% a 23,5% em volume. Normalmente o ar natural apresenta sempre o valor 20,9%, mas, como às vezes, devido a sobras de O2 em processos industriais, esse gás é utilizado na preparação de ar sintético respirável. É preparado, misturando, em proporção adequada, oxigênio e nitrogênio quase puros, proveniente da destilação do ar, e neste caso é permitida uma variação na composição do ar na faixa indicada. O limite inferior 19,5% corresponde ao valor a partir do qual um ambiente deve ser considerado deficiente de oxigênio pelo NIOSH (5). O limite superior, 23,5%, indica, com alguma margem de segurança, onde começam os riscos das atmosferas ricas em oxigênio.
Sendo o TLV = 25 ppm do monóxido de carbono e, TLV = 5000 ppm (STEL 30.000ppm) do dióxido de carbono(6), pode-se observar no quadro 12.3 que os valores máximos permitidos para esses gases, 10 ppm e 1000 ppm, estão abaixo desses limites de exposição. Quanto a outros contaminantes potencialmente presentes, mas não especificados neste quadro, os valores máximos permitidos devem ser os mais baixos possíveis, e seria aceitável que também estivessem, pelo menos, abaixo do nível de ação. A norma EN 132(7), da Comunidade Europeia, recomenda que a concentração máxima de outros contaminantes seja o respectivo limite de exposição.
O valor máximo de óleo ou hidrocarbonetos condensados é de 5 mg/m3(igual ao valor do TLV para óleo mineral (6) valor bem superior ao recomendado pela norma EN 132 que fixa o valor máximo em 0,35 mg/m3, que é o limiar de odor do óleo mineral.
O conteúdo de água, especificado no quadro 12.3, refere-se à sua fase de vapor, isto é, como umidade. O ar comprimido respirável nunca pode conter água líquida. A água líquida ou na forma de vapor no ar atmosférico no ambiente que vivemos não é considerada um contaminante, mas no ar comprido pode ser considerada como um contaminante muito importante por causa dos problemas que pode causar no funcionamento dos respiradores e nos sistemas de fornecimento de ar respirável. Por essa razão é necessário retirar toda água condensada que aparece obrigatoriamente nos processos de compressão, e no caso de ar de cilindros, deve-se retirar também parte do vapor de água presente.
Proteção respiratória e segurança no ambiente de trabalho
A importância do ar respirável grau D está relacionada à segurança e à saúde dos trabalhadores expostos a ambientes com riscos respiratórios. Ao estabelecer um padrão mínimo de qualidade do ar, essa classificação visa garantir que os trabalhadores respirem um ar adequado, livre de contaminantes que possam causar danos à saúde.
A exposição a gases tóxicos, vapores químicos, partículas sólidas suspensas e outros contaminantes presentes em certos ambientes de trabalho pode ter efeitos prejudiciais à saúde respiratória. A inalação dessas substâncias pode levar a problemas respiratórios agudos ou crônicos, irritação dos olhos, nariz e garganta, danos aos pulmões e até mesmo intoxicação.
Ao adotar o padrão de ar respirável grau D, as empresas e os empregadores demonstram seu compromisso com a segurança dos trabalhadores. Ao fornecer um ambiente de trabalho com ar de qualidade adequada, eles reduzem os riscos de acidentes e doenças relacionadas à respiração.
Além disso, a classificação do ar respirável grau D também tem um impacto direto na eficácia dos equipamentos de proteção respiratória. Máscaras, respiradores e outros dispositivos de proteção são projetados para funcionar adequadamente em condições de ar respirável grau D. Portanto, garantir que o ar fornecido atenda a esses padrões é fundamental para garantir a correta funcionalidade desses equipamentos e a proteção efetiva dos trabalhadores.
Outro aspecto importante é a conformidade com as regulamentações e normas de segurança ocupacional. Em muitos países, existem diretrizes específicas que estabelecem os padrões de qualidade do ar respirável e as responsabilidades dos empregadores para garantir um ambiente de trabalho seguro. O cumprimento dessas regulamentações é essencial para evitar penalidades legais, multas e até mesmo suspensão das operações.
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